Estratégias de Comunicação para organizações de Direitos Humanos

Na última segunda-feira, 06 de fevereiro, nossa Diretora Executiva Taís Oliveira compôs mesa no evento Rise Up for Women – uma iniciativa para o desenvolvimento de lideranças femininas a respeito da igualdade de gênero. A conversa teve como tema central “Comunicação e Redes Sociais para Advocay” e também contou com a presença da repórter Rebeca Motta, do influenciador digital Levi Kaique e mediação de Thayná Yaredy, Advogada e Co-Fundadora da Gema Consultoria. Abaixo alguns destaques da fala de Taís Oliveira.

Antes de pensar estratégias de comunicação e/ou redes sociais, defina sua organização:

  • Reflita e escreva seus princípios organizacionais (missão, visão e valores): responda a razão pela qual sua organização existe, quais são seus objetivos a curto, médio e longo prazo e quais são os valores que norteiam sua atuação;
  • Delimite seus públicos (sim, no plural): com quais grupos de pessoas você quer e/ou precisa dialogar? Qual a melhor forma de estabelecer e manter relações com cada um deles?
  • Defina seus objetivos: de maneira palpável e atingível, quais são seus objetivos e quais as metas e indicadores para alcançá-los? Seus objetivos estão relacionados a quais dos públicos listados anteriormente? (conheça metodologia SMART para definição de metas)
  • Tenha todas essas definições anotadas, pois assim que for possível repassar as responsabilidades operacionais e táticas da comunicação elas serão guias para a garantia da essência e tom de voz da organização. Para mais detalhes sobre essas definições, acesse a cartilha Planejamento Estratégico para Leigos.

Mudança de percepção sobre a importância da comunicação

A comunicação é uma área tão importante e estratégica quanto a área financeira, jurídica, gestão de pessoas e assim por diante. É por meio da comunicação que as organizações informam quem elas são, quais atividades e projetos estão executando, quais os objetivos pretendem atingir, quais conquistas alcançaram e quais os planos para o futuro.

Ao comunicar, nos aproximamos de pessoas e organizações que estão alinhadas aos nossos princípios organizacionais, ou seja, nos conectamos com aquelas e aqueles que têm propósitos similares e podem estabelecer cooperação (parceiros, patrocinadores, beneficiários, impulsionamento formativo etc). Valorize a comunicação como fator chave para o alcance dos seus objetivos.

Redes Sociais como ferramenta auxiliar, e não como ferramenta fim

Às vezes um objetivo pode ser alcançado com estratégias de comunicação mais tradicionais, exemplo em eventos (inclusive, elabore uma lista e vá em eventos importantes que sua organização precisa estar). Quando uma oportunidade de se apresentar acontecer, as redes sociais da organização será a primeira busca da maioria das pessoas que se interessarem e elas precisam ser uma vitrine para demonstrar o que sua organização é. Então:

  • Defina em quais plataformas estar, com qual frequência publicar, quais os formatos de conteúdo e linguagem (ver Planejamento Editorial para Mídias Sociais);
  • Tenha em mente que diferentes objetivos demandam diferentes estratégias;
  • Para organizações pequenas e com investimento limitado, nem sempre é possível impulsionar conteúdo, mas quando for algo muito importante e estratégico se planeje e reserve uma verba de mídia, principalmente por que, infelizmente, conteúdo orgânico (sem verba de mídia) tem pouquíssimo alcance;
  • Seja cara de pau, números ainda são resultados superestimados, então peça diretamente e gentilmente que pessoas com grande alcance compartilhe seu conteúdo (mas também não se frustre, caso você seja ignorada rs);
  • Se prepare minimamente para prevenir ou gerenciar crises: liste os fatores de risco e temas don’t – os temas que sua organização não trata (ver o capítulo Gestão de Crises de Mariana Oliveira);
  • Se a pessoa responsável pela produção de comunicação é você ou outra pessoa que tem outras demandas, se organize para produzir uma grande quantidade de conteúdos de uma vez (planejamento editorial). Por exemplo, prepare o conteúdo dos próximos 15 dias e agende nas plataformas, assim você consegue focar em outras tarefas estratégicas enquanto a comunicação nas redes sociais está acontecendo;
  • A maioria das plataformas entregam métricas para avaliar a performance do conteúdo, entenda o que cada uma significa e como isso pode ser um dado estratégico para a organização de modo geral (ver conteúdo no Pense Play). Mas também não se apegue apenas aos números, valorize e celebre as conquistas qualitativas (comentários, uma conexão importante, um compartilhamento de uma referência etc);
  • Dica de ouro: algumas faculdades de comunicação têm Agências Jr que são formadas por estudantes e supervisionadas por professores, para que os alunos tenham a oportunidade de colocar em prática o que estão aprendendo em sala de aula. Geralmente essas Agências Jr optam por prestar serviços para organizações que atuam com impacto social e de modo gratuito. Se ofereça como cliente;
  • Sobre a estafa informacional, desacelera: se o conteúdo não é sua principal ferramenta de trabalho, não é necessário postar todos os dias ou várias vezes ao dia. Estar constantemente em destaque não é sinônimo de relevância;
  • Na internet tem espaço para todo mundo e para diversas temáticas, foque em encontrar sua galera e não necessariamente em dialogar com todas as galeras e sobre todos os temas e polêmicas do dia;
  • Valorize e respeite seus seguidores, sejam eles 300 ou 30.000;
  • Não dependa somente de plataformas de redes sociais para falar da sua organização. Lembre-se sempre que plataformas de mídias sociais são grandes corporações com interesse em lucro e do dia para a noite tudo pode mudar ou acabar e você e sua organização ficarão à deriva.
  • Tenha tenha um site institucional que contenha todas as informações relevantes e necessárias, com ferramenta de busca própria e se possível tenha um blog para que pessoas retornem ao seu site ou para que o site seja visto por ferramentas de busca;
  • Para criação de sites, utilize ferramentas gratuitas e open source que geralmente são bastante intuitivas e nem sempre é necessário saber programar. Se você não souber lidar com estas ferramentas de criação de site, estabeleça relação com coletivos que oferecem formação técnica como Minas Programam, Programaria, Perifa Code, entre outros. Tenho certeza que os propósitos (princípios organizacionais) vão se conectar e terá algum estudante disposto a ajudar e de quebra treinar as habilidades aprendidas;
  • Organizações e profissionais que atuam com Direitos Humanos estão vulneráveis a ataques digitais, esteja preparada quanto à segurança digital, proteção de dados e redução de exposição. Veja: Mulheres negras e internet: Entre cuidados digitais e política institucional, Autonomia e Memória: Cuidados Digitais para Mulheres Negras e Guia Prática de Estratégias e Táticas para a Segurança Digital Feministas.
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