Publicado originalmente em 2005, “Como se Faz uma Tese” é uma obra de Umberto Eco, renomado escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano, nascido em 5 de janeiro de 1932, em Alexandria, Itália. Conhecido por suas contribuições acadêmicas e literárias, Eco apresenta neste livro um guia prático para a elaboração de teses acadêmicas, oferecendo instruções detalhadas sobre a escolha do tema, a pesquisa do material, a organização do plano de trabalho, o fichamento, a redação e a apresentação do trabalho final. Com uma abordagem acessível e estruturada, a obra se tornou uma referência essencial para estudantes e pesquisadores que desejam produzir trabalhos acadêmicos.
Logo na introdução da obra, Umberto Eco apresenta o contexto do livro, destacando sua utilidade para estudantes que precisam elaborar uma tese, especialmente nas ciências humanas. Ele enfatiza que a tese não é apenas um requisito acadêmico, mas uma oportunidade para desenvolver um método de pesquisa e organização do conhecimento. O autor também aborda o problema da universidade de massas (fenômeno da expansão do ensino superior, no qual universidades passaram a atender um número muito maior de estudantes de diferentes origens sociais e acadêmicas, contrastando com o modelo tradicional de ensino superior, que era mais elitista e acessível apenas a uma minoria privilegiada) e as dificuldades enfrentadas pelos alunos, incentivando-os a ver a tese como um exercício intelectual útil para a vida profissional também.
No segundo capítulo, Umberto Eco define a tese como um trabalho acadêmico estruturado, essencial para a obtenção de um título universitário. Ele diferencia os níveis de exigência de acordo com o grau acadêmico: uma tese de licenciatura pode ser um trabalho de compilação, onde o estudante demonstra sua capacidade de síntese e organização da literatura existente, enquanto uma tese de doutorado exige um alto nível de originalidade e pesquisa aprofundada.
Eco também enfatiza que o processo de redigir uma tese vai além da mera formalidade acadêmica. Ele considera a tese um exercício valioso, que ensina organização, disciplina intelectual e capacidade de comunicação. Segundo o autor, essa experiência pode ser aplicada em diversas áreas profissionais, contribuindo para a formação do pensamento crítico e da autonomia intelectual do estudante.
No terceiro capítulo, Eco destaca a importância da escolha de um tema viável. Ele aconselha os estudantes a optarem por temas que sejam acessíveis em termos de conhecimento prévio e disponibilidade de fontes de pesquisa. Um tema muito amplo pode levar a um trabalho superficial e desorganizado, enquanto um tema excessivamente restrito pode limitar a análise e dificultar a obtenção de informações relevantes.
O autor diferencia a tese panorâmica, que aborda um tema de forma ampla, da tese monográfica, que se concentra em um aspecto mais específico. Ele recomenda a segunda opção, pois permite um aprofundamento maior e reduz os riscos de inconsistências. Além disso, Eco alerta para a influência do orientador na escolha do tema e sugere que os estudantes tenham cuidado para não serem direcionados para projetos que beneficiem mais o professor do que o próprio estudante, o que ele chama de “exploração acadêmica”.
Neste capítulo, o quarto, Eco apresenta diretrizes sobre a pesquisa bibliográfica. Ele explica como acessar fontes primárias e secundárias, utilizar bibliotecas físicas e digitais, e consultar bancos de dados acadêmicos. Além disso, ressalta a importância da avaliação crítica das fontes, destacando que nem toda informação disponível é confiável ou relevante para a tese.
O autor também aborda a necessidade de um planejamento eficiente na busca por materiais, recomendando que o estudante estabeleça critérios claros para selecionar e organizar as referências. Ele enfatiza que a pesquisa não deve ser apenas uma coleta passiva de informações, mas um processo analítico, no qual o estudante deve questionar e interpretar os dados encontrados.
Eco dedica este capítulo cinco à organização do trabalho. Ele sugere a criação de um índice provisório, que funcione como uma hipótese para a estrutura da tese. Esse índice pode ser ajustado ao longo do processo, mas serve como um guia para manter o foco e a coerência do trabalho.
Além disso, ele destaca a importância do fichamento, uma técnica essencial para organizar as informações coletadas. Eco apresenta diferentes tipos de fichas, como:
- Fichas bibliográficas: registram informações sobre os livros e artigos consultados.
- Fichas de citação: contêm trechos selecionados das obras, acompanhados de referências detalhadas.
- Fichas de análise: registram reflexões e conexões entre as leituras.
Essa metodologia facilita a recuperação de informações e evita a perda de dados importantes durante a redação da tese.
No sexto capítulo, Eco aborda a escrita acadêmica, enfatizando a importância de uma redação clara, objetiva e bem estruturada. Ele sugere que os capítulos sejam organizados de forma lógica, com uma introdução que apresente o problema de pesquisa, um desenvolvimento que explore os argumentos e uma conclusão que sintetize os principais achados.
O autor também discute o uso correto de citações e notas de rodapé, alertando para o perigo do plágio e para a necessidade de dar crédito às fontes utilizadas. Ele aconselha os estudantes a evitarem jargões excessivos e construções confusas, buscando sempre a clareza na exposição das ideias.
No sétimo capítulo, Eco detalha os aspectos técnicos da versão final da tese. Ele discute a importância da padronização gráfica, do uso adequado de notas de rodapé e da organização da bibliografia.
Além disso, ele aborda a necessidade de revisão criteriosa antes da entrega do trabalho. O autor sugere que o estudante reserve um tempo para reler e corrigir a tese, garantindo que o texto esteja coeso, sem erros gramaticais ou de formatação. Também recomenda a inclusão de apêndices e índices, quando necessário, para facilitar a navegação pelo conteúdo.
No último capítulo, o oitavo, Eco reforça a ideia de que a tese deve ser encarada como um exercício de aprendizado e desenvolvimento intelectual. Ele aconselha os estudantes a manterem uma atitude séria e comprometida, mas sem se deixarem paralisar pelo perfeccionismo.
O autor destaca que uma tese bem feita pode ser a base para futuras investigações e um diferencial na carreira acadêmica e profissional do estudante. Ele conclui com a reflexão de que o processo de escrever uma tese ensina muito mais do que apenas o conteúdo do tema escolhido – ensina disciplina, método e capacidade de argumentação.
Nas considerações finais da obra “Como se Faz uma Tese” é relatado que o livro é um guia fundamental para estudantes universitários. Com uma abordagem prática e didática, Umberto Eco não apenas ensina técnicas de pesquisa e redação, mas também incentiva uma postura crítica e ética diante do conhecimento.