É o que aponta os dados da pesquisa “Percepção dos brasileiros sobre IA” elaborada pelo Instituto de Pesquisa IDEIA lançada recentemente na nona edição do evento Brazil Fórum UK, na universidade de Oxford.
O atual boom comercial de sistemas da chamada inteligência artificial generativa, tais como os famosos ChatGPT e Gemini, gerou uma onda de empolgação de gestores públicos. Infelizmente, em alguns casos a empolgação se transformou em ofensivas contra educadores, como no caso do estado de São Paulo.
Em nota assinada por organizações da sociedade civil especialistas em educação, identificou-se que a iniciativa foi mais “um processo de controle dos conteúdos trabalhados pelas professoras e professores do que uma contribuição para a melhoria da qualidade do ensino. Tal processo já vem ocorrendo com as tentativas de apostilamento dos conteúdos, produção de materiais online que padronizam o trabalho educativo sem deixar espaço para que o professor atue com autonomia e criatividade a partir dos cotidianos que acompanha e vivencia”.
Os resultados da recém lançada pesquisa mostram que os brasileiros e brasileiras não veem benefícios no uso de IA em sala de aula. Apenas 14% dos brasileiros responderam acreditar que “A IA ou Inteligência Artificial pode ajudar professores em sala de aula”, 22% possuem percepção neutra e um total de 63% discordam.
A pesquisa revela ainda que 73% dos brasileiros acreditam na necessidade de normas para uso de Inteligência Artificial e a maioria (21%) indica que o Governo deve ser o responsável pela regulamentação. Todavia essa regulamentação deve ocorrer a partir do dialogo com a sociedade e a partir da experiência e especialidade de profissionais em áreas específicas, como no caso do campo educacional.
Em um contexto de intenso debate sobre inteligência artificial tanto no legislativo quanto no executivo, considerando a Comissão Temporária da Inteligência Artificial e o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, os dados reforçam a necessidade de participação social no debate sobre investimento e regulação da tecnologia. Em grande medida professores estão excluídos do debate e são recorrentemente negligenciados nas decisões governamentais e cooptação das corporações de tecnologia sobre o tema.
O relatório completo pode ser acessado no site do Brazil Forum UK e o painel “O impacto da Inteligência Artificial na vida dos brasileiros” que teve como foco central o uso ético e seguro da Inteligência Artificial no Brasil e contou com as participações do Ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, Tarcízio Silva (Fundação Mozilla / Abong), Nina Santos (Desinformante), Mauricio Moura (Instituto de Pesquisa Ideia) e Juliana Moura Bueno (Google), com mediação de Iara Diniz pode ser assistido na integra no canal do Brazil Forum UK.